SAÚDE DA MULHER
nas suas várias idades
As
mulheres vivem mais anos (cerca de dez anos mais) do que os homens. Com efeito,
uma constatação válida em todas as latitudes do mundo. Esta diferença de
esperança de vida será, segundo os cientistas, devida às hormonas. A
mortalidade masculina estará ligada à toxicidade da testosterona, a hormona
masculina responsável pela agressividade, pela competitividade e pela libido.
Com
efeito uma taxa elevada de testosterona no sangue causa um aumento de LDL, ou
“mau” colesterol, diminui o nível de HDL, o colesterol “bom”, expondo ainda o
homem ao risco de AVC e doenças cardíacas. No entanto, se por um lado é verdade
que a mulher vive mais tempo, é também verdade que ela está sujeita a doenças
crónicas, tais como a osteoporose, ou a doenças auto-imunes (esclerose em
placas, lúpus eritematoso, etc.). Actualmente, a diferença entre as mortalidades masculina e feminina
tende a equilibrar-se negativamente, uma vez que as mulheres são mais
vulneráveis às doenças tipicamente masculinas. É, por isso, importante que a
mulher vigie o seu estado de saúde em todas as etapas da sua vida. E isso desde
a adolescência, sensibilizando a jovem
para as regras fundamentais de uma boa alimentação, de uma higiene sã e
dos benefícios do exercício físico. Conhecimentos que, postos em prática, lhe
permitirão acrescentar “anos à vida e vida aos anos”!
Da adolescência aos 29
anos:
Quando
somos jovens temos tendência a considerar a saúde como um privilégio adquirido
de uma vez por todas e então tendemos a prestar-lhe pouca atenção. Por esse
motivo, a adolescência e o tempo de criança são os melhores períodos para
enraizar as bases de uma vida sã, ao abrigo de doenças graves.
A
prevenção primária, baseada no estilo de vida, nasce na mesa, graças a uma
alimentação que – como nós sublinhamos frequentemente na nossa revista e
segundo as recomendações provenientes de organismos como a OMS (Organiza-
ção
Mundial de Saúde) – privilegia vegetais, frutas, legumes, cereais e
leguminosas. A soja, em especial, pelo seu conteúdo de flavonóides, ocupa um
lugar de destaque na prevenção das perturbações da menopausa. Regra geral,
comer sensatamente permite evitar problemas de osteoporose, cancros,
esterilidade, ...Uma breve revisão das consultas e exames aconselhados durante
este período da vida:
No
ginecologista. Desde o início da actividade sexual, mas em qualquer caso a
partir dos 18 anos, o esfregaço vaginal torna-se indispensável. Procura-se, em
primeiro lugar, sinais de irritação nos órgãos genitais externos e nas paredes
da vagina. Em seguida colhem-se algumas células do colo do útero e do canal
cervical para despistar a presença de anomalias ou de infecções causadas, por
exemplo, pelo vírus papiloma (uma doença sexualmente transmissível que pode
degenerar em cancro do colo do útero). Depois desta colheita, o ginecologista
examina os ovários, o útero e as trompas. Ele pode, também, procurar a presença
de eventuais problemas da parede recto-vaginal fazendo um exame rectal. A
frequência ideal seria uma consulta ginecológica anual, e um esfregaço de três
em três anos.
Exame
da mama. É aconselhável efectuar a auto-palpação mensalmente, no fim do período
menstrual e, a partir dos 20 anos, deve ir ao ginecologista de três em três
anos para um exame mais profundo. A manifestação de certos sinais (secreção do
mamilo, engrossamento ou induração) devem levar a consultar o médico sem
demora. A existência de antecedentes familiares de cancro deste tipo, deve
conduzir sistematicamente a uma vigilância exercida por exames mais frequentes.
Tensão
arterial. Trata-se de um simples controlo que o médico fará regularmente. A
tensão não deve ultrapassar o máximo de 14 e o mínimo de 9. Em caso de excesso
de peso ou de antecedentes familiares de hipertensão arterial, deve ser vigiada
uma vez por ano.
Colesterol.
Uma taxa de colesterol elevada (principalmente do tipo LDL) aumenta o risco de
doenças cardiovasculares. É, por isso, conveniente planear já os controlos:
depois dos 20 anos, uma análise ao colesterol cada 5 anos. Se as taxas são
superiores ao normal, diminuir as gorduras animais e praticar mais exercício
físico.
Pele.
Controlar os sinais existentes no corpo. Se eles mudam de cor ou de forma, deve
dizê-lo ao médico e marcar uma consulta dermatológica. Isso é igualmente válido
para outras anomalias cutâneas. Entre os 20 e os 40 anos, é recomendável fazer
um controlo dermatológico para despistagem de um eventual melanoma (cancro da
pele). A aparição de formas acneicas graves deve ser tratada logo que possível
para prevenir cicatrizes.
Dentes.
Deve ser feita uma visita anual de controlo ao dentista.
Entre os 30 e os 49 anos:
É
geralmente durante este período que as mulheres planeiam a gravidez, entram no
mundo do trabalho e vêem as suas responsabilidades e o stress aumentar.
Produzem-se importantes mudanças que provocam transformações no organismo
feminino. Trata-se, também, de uma etapa da vida na qual certas doenças tais
como as patologias cardiovasculares e os cancros estão à espreita. É, por esse
motivo, indispensável adoptar um modo de vida estável e procurar os sinais
precursores de uma eventual doença fazendo controlos regulares.
No ginecologista.
Uma visita por ano e um esfregaço de três em três anos. Numerosos
ginecologistas aconselham, entretanto, a aumentar a frequência destes exames.
Mama.
O diagnóstico precoce é a melhor maneira de vencer o cancro da mama. Nem todos
os especialistas estão de acordo quanto à frequência da mamografia (radiografia
da mama) que pode detectar lesões cancerosas ou qualquer outra anomalia do
tecido mamário. O Instituto Nacional do Cancro (EUA) aconselha as mulheres com
mais de 40 anos a efectuar uma mamografia uma vez por ano ou de dois em dois
anos. A Sociedade Americana do Cancro sustenta, por seu lado, a necessidade de
efectuar este exame anualmente e a Associação Médica Americana aconselha uma
mamografia anual unicamente a mulheres com mais de 50 anos. O médico tratará de
avaliar a necessidade caso a caso entre os 40 e os 50 anos.
Pele.
Depois dos 40 anos, uma visita ao dermatologista uma vez por ano, permite
despistar os cancros de pele ou os sinais que apresentem risco.
Exames
pré-natais. Uma vez confirmada a gravidez, é conveniente marcar uma consulta ao
ginecologista. Aquando da primeira visita, o especialista toma nota de todos os
elementos de saúde da mulher e das doenças que ela teve. Ele faz um exame
ginecológico completo, incluindo o esfregaço. Mede a tensão arterial e
prescreve à paciente análises de sangue, para procurar, além dos exames de
rotina, o grupo sanguíneo e a presença de anticorpos contra a hepatite B, a
rubéola, a toxoplasmose e o HIV. Aconselhamos igualmente testes para despistar
doenças sexualmente transmissíveis. As consultas sucessivas mensais serão
breves se não existirem complicações. A legislação prevê três ecografias, uma
antes das 12 semanas de amenorreia (para uma datação precisa da gravidez), uma
cerca das 20 semanas (para a despistagem de eventuais anomalias) e uma às 36
semanas (para controlar o crescimento e a posição do feto). A presença de
diabetes ou de hipertensão representam um factor de risco e necessita, por
consequência, de exames especiais.
Fibromas
uterinos. Menstruações abundantes e prolongadas, dores pélvicas e necessidade
frequente de urinar, são sintomas reveladores da presença de fibromas uterinos.
Estas formações benignas devem ser vigiadas; não haverá intervenção a não ser
que elas causem problemas realmente graves.
Exame
rectal. Após os 40 anos, é aconselhável associar o toque rectal ao exame
ginecológico para despistar eventuais anomalias da parede recto-vaginal.
Colesterol.
É possível que a colesterolémia aumente após os 40 anos. É conveniente fazer um
controlo anual do colesterol total bem como do “mau” colesterol (LDL),
responsável por doenças cardiovasculares.
Entre os 50 e os 69 anos:
Os
filhos cresceram e deixaram o lar paterno, a reforma aproxima-se, temos mais
tempo para nos ocuparmos connosco próprias. Infelizmente, este período “mais
tranquilo” da existência pode ser mal vivido: frequentemente o sentimento de
inutilidade e depressão acompanham as modificações fisiológicas naturais
(descida das taxas hormonais e outros sintomas da menopausa) e por vezes
amplificam estes fenómenos físicos. Para atenuar os efeitos negativos desta
idade e desfrutar plenamente das suas vantagens, é suficiente seguir algumas
regras, como manter um exercício físico, fazer refeições muito ligeiras à noite
ou consumir folatos, nutrientes presentes nos legumes de folhas verdes, nos
ovos, nos cereais e nas leveduras, que reduzem o risco de doenças coronárias.
Além disso, a vigilância médica continua a ser importante pois neste período da
vida o risco de cancro da mama ou do endométrio é muito elevado.
No
ginecologista. Os controlos anuais e os esfregaços de dois em dois ou de três
em três anos são suficientes. Em certos casos, porém, poderá ser aconselhável o
aumento das consultas.
Cancro
recto-cólico. Do qual se verificou um aumento nas mulheres após os 50 anos. Na
Europa, ele ocupa actualmente o segundo lugar na população feminina e é mais
frequente nos países onde a alimentação é rica em gorduras e pobre em alimentos
de origem vegetal. A componente genética é certa, por consequência as pessoas
cujos progenitores, ou apenas um dos progenitores, tiveram um cancro do cólon,
devem submeter-se uma vez por ano a um teste para detectar a presença de sangue
nas fezes; será também efectuada uma recto--coloscopia de cinco em cinco anos
para procurar eventuais formações pré-cancerosas.
Osteoporose. 50% das fracturas que ocorrem em mulheres
com mais de 50 anos devem-se à osteoporose. Para determinar o estado ósseo,
será efectuada, por computador, uma medição dos níveis de minerais nos ossos,
anualmente ou de dois em dois anos, principalmente ao nível dos pulsos e das
vértebras. O que deve ser feito se os valores são inferiores ao normal? No
campo alimentar, uma ingestão suficiente de cálcio, uma actividade física, uma
terapia hormonal de substituição ou outros medicamentos que actuem sobre o
metabolismo do cálcio.
Colesterol.
A taxa de colesterol LDL, aquele que aumenta o risco de arteriosclerose
(obstrução das artérias por depósitos lipídicos) sobe. Outras patologias como as doenças coronárias
ou o risco de AVC, são derivadas da arteriosclerose. O regime alimentar é o
remédio por excelência. Existem, para os casos mais graves, medicamentos que
conseguem fazer baixar a taxa de colesterol no sangue.
Mama.
Primeiramente, aconselhamos a fazer uma mamografia uma ou duas vezes por ano.
Uma biopsia por aspiração pode dar um resultado mais fiável e definitivo.
Coração.
As doenças cardiovasculares devem ser as mais temidas. O desaparecimento do
ciclo menstrual provoca, com efeito, a perda da protecção mantida pelos
estrogéneos. É, então, preferível associar ao controlo da tensão arterial e do
colesterol, um electrocardiograma para revelar eventuais disfunções cardíacas.
Deve ser evitada uma subida de peso para não sobrecarregar o coração.
Visão.
Certas patologias como o glaucoma e a catarata não se manifestam senão quando
já atingiram um estado avançado. O glaucoma, devido a uma pressão muito elevada
de líquidos no interior do olho, é responsável por 15% dos casos de cegueira
dos adultos e necessita de uma terapia contínua. A catarata, ou seja, a
opacificação do cristalino, pode aparecer após os 50 anos; esta patologia é
hoje em dia facilmente tratável através de uma intervenção de substituição do
cristalino, e é efectuada com anestesia local.
É aconselhável,
consequentemente, uma ida ao oftalmologista de dois em dois anos; e depois
deverá ir a uma consulta anualmente. O exame do fundo do olho permite despistar
eventuais patologias da retina, causadas frequentemente por hipertensão, por
diabetes e por arteriosclerose.
Audição.
Durante este período, assiste-se a uma diminuição inevitável da sensibilidade
auditiva. Deve consultar-se um especialista em caso de problemas graves. Já se
encontram no comércio, hoje em dia, aparelhos auditivos sofisticados e praticamente
invisíveis que ajudam a ultrapassar o problema.
Após os 70 anos:
As
pessoas com mais de 70 anos representam 13% da população dos países
industrializados. Elas chegaram a essa idade após terem atravessado e
ultrapassado épocas particularmente difíceis (doenças infecciosas sem
antibióticos, guerras, etc.). Felizmente, a medicina fez, entretanto, grandes
progressos que permitem envelhecer com mais serenidade. Manter uma boa higiene
mental, criar interesses, cultivar hobbis, rodear-se dos familiares e, porque
não, a dimensão espiritual, são elementos muito importantes que aumentam a
capacidade de enfrentar estas doenças devidas à idade e as inevitáveis
dificuldades físicas também a ela inerentes.
No
ginecologista. Metade das mulheres nas quais é diagnosticado um cancro dos
ovários tem mais de 65 anos; o único meio de descobrir a tempo esta doença, é a
consulta ginecológica anual. Ao contrário do que se pensa, a idade não incide
sobre o risco de cancro do colo do útero.
Cancro
recto-cólico. A redução da actividade física e a idade avançada são os factores
favoráveis à aparição destes cancros. Um diagnóstico precoce não pode ser
estabelecido a não ser com controlos regulares. O exame principal a efectuar é
a procura de sangue nas fezes. Frequentemente é também necessário recorrer a
outros exames para uma verificação mais aprofundada: exploração rectal,
sigmoidoscopia e coloscopia (observação das paredes internas do cólon sigmoideu
e do cólon com um dispositivo com fibras ópticas). Este cancro manifesta-se por
sintomas como a mudança dos hábitos intestinais durante vários dias, sangue nas
fezes e, em algumas pacientes, dores abdominais e gástricas.
Osteoporose.
Se ainda não foi efectuado, o exame da densidade da massa óssea deve ser feito
sem falta nesta altura. Nesta idade, existe provavelmente um certo grau de osteoporose,
mais elevado nas fumadoras e em caso de carências alimentares. Medicamentos e
exercício físico ajudam notavelmente a afrouxar a perda da massa óssea.
Mama.
Entre os 70 e os 80 anos, uma mulher em cada 14 é afectada por cancro da mama,
e cerca dos 80 anos, a taxa é de uma em cada 10. A mamografia deve ser feita
anualmente ou de dois em dois anos.
Coração.
Neste período da vida, as doenças cardiovasculares representam o principal
perigo. Por isso, a tensão arterial e o colesterol devem ser controlados. Em
caso de suspeita de doença cardíaca, os exames a efectuar são: o
electrocardiograma de esforço (a actividade cardíaca é registada durante um
período de repouso e durante um período de exercício físico), a angiografia
coronária (uma radiografia que mede o calibre das artérias coronárias), o
scanner ou a ressonância magnética.
Visão.
Apesar de ser normal que a visão diminua, o processo não deve ser suportado
passivamente. Certos problemas podem ser prevenidos. O oftalmologista deve ser
consultado de dois em dois anos, ou todos os anos em caso de diabetes. Será
verificada a existência de glaucoma, cataratas ou degeneração macular (lesão da
parte central da retina). Para evitar fatigar os olhos, é por vezes suficiente
iluminar adequadamente os locais em que se vive.
Audição.
Um terço das pessoas entre os 65 e os 74 anos sofrem de surdez, em vários
graus. Para avaliar as situações mais graves, verificar se há dificuldades em
compreender as palavras, se os sons mais agudos são mal percebidos ou se não
conseguimos distinguir uma pessoa que fala no meio de outros barulhos de fundo.
Em seguida virá o exame auditivo. Em caso de insuficiência auditiva, existem
próteses adaptadas a certos tipos de surdez. Por vezes é necessário
experimentar vários modelos antes de encontrar aquele que melhor se adapta às
exigências de cada pessoa.
Pele.
Um controlo anual, feito pelo dermatologista, será utilizado para despistar a
tempo, eventuais cancros da pele. Após os 70 anos, a pele tem tendência a
tornar-se mais seca e a irritar-se mais facilmente, é ainda mais sensível aos
raios solares. A regra principal é proteger a pele com a ajuda de cremes
apropriados.
Ennio Battista
Extraído da revista Saúde e Lar
Excelente post! A Saúde da Mulher tem que ser levada a serio e não a idades para começar a se cuidar, todos devem procurar melhorar os cuidados com sua saúde para que não haja problemas futuros.
ResponderEliminarDe facto, a saúde não tem idade. Devemos ser responsáveis pela nossa saúde todos os dias. E devemos também ser responsáveis pela saúde dos outros, quando as nossas capacidades já são diminuídas. Tesouros como este (saúde) são únicos.
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