Impacto do stress no cancro da mama: a relação entre psicologia e metástases


Impacto do stress no cancro da mama: a relação entre psicologia e metástases

Entre as diversas e complexas áreas de investigação sobre o cancro e seus mecanismos biológicos, duas permanecem pouco exploradas: os processos relacionados à metastização (principal causa de mortalidade em pacientes oncológicos) e a influência dos estados psicológicos na progressão da doença.

Um estudo recente revelou uma conexão significativa entre esses dois aspectos. Investigadores do Vanderbilt Center for Bone Biology descobriram que o stress pode favorecer a colonização do osso por células de cancro da mama.

Já se sabe que o stress psicológico está ligado a um mecanismo central necessário ao desenvolvimento e proliferação tumoral: a inflamação. Eventos como choques emocionais, pânico ou raiva desencadeiam a liberação de hormonas como noradrenalina (associada à resposta de “luta ou fuga”) e cortisol. Essas hormonas preparam o organismo para possíveis lesões, estimulando fatores inflamatórios que ajudam na reparação de tecidos. Contudo, essas substâncias inflamatórias podem ser utilizadas por células tumorais para crescer e formar vasos sanguíneos, atendendo às suas necessidades energéticas.

O estudo revelou que a ativação do sistema nervoso simpático, desencadeada pelo stress, remodela o ambiente ósseo, tornando-o mais favorável à metastização de células de cancro da mama. Segundo Florent Elefteriou, diretor do centro responsável pela investigação, "a ativação do sistema nervoso simpático pode remodelar o ambiente do osso e torná-lo mais receptivo às metástases das células cancerígenas".

Esse achado é corroborado por evidências que mostram menor tempo de sobrevivência em pacientes com cancro da mama submetidas a stress intenso ou depressão após o tratamento. Tanto o stress quanto a depressão ativam o sistema nervoso simpático, aumentando os níveis de uma molécula chamada RANKL no osso. Essa molécula estimula a formação de osteoclastas, células responsáveis pela degradação do tecido ósseo, criando condições favoráveis para a migração das células tumorais.

A investigação também destacou que a molécula RANKL é essencial para a disseminação das células de cancro da mama, sugerindo que medicamentos que a inibem podem ser eficazes na prevenção de metástases. Além disso, estratégias para reduzir o stress e a ansiedade apresentam benefícios duplos: menor ativação do sistema nervoso simpático e melhoria do bem-estar geral do paciente.

Conforme Elefteriou, "esforços para reduzir o stress e a depressão em pacientes com cancro podem contribuir para a prevenção de metástases".



Referências:

http://www.plosbiology.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pbio.1001363?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+plosbiology%2FNewArticles+(Ambra+-+Biology+New+Articles)
http://www.sciencedaily.com/releases/2012/07/120717183344.htm?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+sciencedaily%2Fhealth_medicine%2Fcancer+%28ScienceDaily%3A+Health+%26+Medicine+News+–+Cancer%29

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