Queda de cabelo: causas, factores de risco e estratégias eficazes para proteger os cabelos
Desde cedo, muitos de nós convivem com alterações no cabelo. Há quem recorde a infância com aquele cabelo teimoso, difícil de domar, e quem, já na adolescência, tenha passado por fases de cabelos longos, curtos ou estilos marcantes. No entanto, para uma grande parte da população, chega um momento em que o cabelo começa a ficar fino, perder densidade e, em alguns casos, cair de forma progressiva.
A verdade é que, por volta dos 50 anos, cerca de metade dos homens e das mulheres apresenta algum grau de queda capilar. Mas o que determina quem mantém o cabelo e quem o perde? E que estratégias realmente funcionam para preservar a saúde capilar?
Porque ocorre a queda de cabelo?
A queda de cabelo associada ao envelhecimento é, maioritariamente, influenciada pela genética. Estudos com gémeos mostram que, no caso dos homens, cerca de 80% da variabilidade na calvíce tem origem hereditária. No entanto, não é esse o único factor.
Mesmo pessoas com ADN praticamente idêntico podem apresentar diferentes graus de queda capilar. Entre os factores que agravam o problema destacam-se:-
níveis elevados de stress;
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tabagismo;
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antecedentes de hipertensão;
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história de determinados tipos de cancro;
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número de gestações, no caso das mulheres.
O papel do tabaco
O fumo dos cigarros contém substâncias genotóxicas capazes de danificar o ADN dos folículos capilares e prejudicar a microcirculação local, o que favorece a queda de cabelo tanto em homens como em mulheres.
Exposição a agentes tóxicos
O mercúrio é outro elemento associado ao problema. Este metal pesado acumula-se preferencialmente no cabelo em fase de crescimento e pode comprometer o folículo. Actualmente, a principal fonte de exposição é o consumo frequente de determinados peixes, como o atum.
Um caso clínico bem documentado demonstrou que uma mulher com queda capilar significativa apresentava níveis elevados de mercúrio devido à ingestão regular de atum. Quando eliminou esse alimento da dieta, os níveis diminuíram e o cabelo recuperou totalmente em cerca de sete meses.
Como prevenir a queda de cabelo?
Além de não fumar, controlar o stress e moderar o consumo de certos alimentos provenientes do mar, existem outras medidas relevantes.Vitamina C e défice nutricional
O escorbuto — deficiência grave de vitamina C — pode provocar queda capilar, mas uma vez atingidos níveis adequados não existe evidência de que quantidades superiores tragam benefícios adicionais nesse sentido. Ou seja, o essencial é evitar o défice.
O papel da alimentação
A dieta tem impacto directo na saúde dos folículos capilares. Estudos observacionais associam a calvíce masculina mais severa a:
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consumo elevado de carne e alimentos processados;
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má qualidade do sono.
Por outro lado, padrões alimentares ricos em vegetais crus, ervas aromáticas frescas e derivados de soja parecem oferecer algum grau de proteção. O consumo regular de bebidas de soja foi associado a uma redução de cerca de 60% no risco de queda de cabelo moderada a intensa.
Compostos naturais com potencial benefício
Ensaios clínicos têm mostrado resultados promissores com alimentos ricos em:
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capsaicina (presente nas pimentas);
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isoflavonas de soja.
As doses testadas podem ser obtidas facilmente na alimentação diária, por exemplo:
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cerca de 1/4 de uma pimenta jalapeño por dia;
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aproximadamente ¾ de chávena de tempeh ou grãos de soja, ou ingerindo bebida de soja diariamente.
Óleo de sementes de abóbora
Um estudo com 76 homens demonstrou que 400 mg diários de óleo de semente de abóbora — o equivalente a apenas algumas sementes por dia — proporcionaram um aumento de 40% na densidade capilar ao fim de 24 semanas, superando de forma significativa o grupo placebo.
Suplementos e vitaminas: o que realmente funciona?
A questão da biotina
A biotina (vitamina B7) é frequentemente promovida como solução para a queda de cabelo. Contudo:
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a deficiência verdadeira é rara em pessoas saudáveis;
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não existe evidência consistente de que a suplementação aumente o crescimento capilar;
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muitos suplementos contêm quantidades exageradas, podendo interferir com exames laboratoriais, incluindo análises hormonais, da tiróide e até testes cardíacos.
Medicamentos aprovados
As duas terapêuticas com eficácia comprovada são:
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Finasterida (Propecia)
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Minoxidil tópico (Rogaine)
Em resumo: investir na saúde capilar começa no prato
Perante os potenciais efeitos secundários dos medicamentos e a incerteza dos suplementos, a alimentação equilibrada surge como uma estratégia segura e de baixo risco. Incorporar vegetais frescos, soja, sementes de abóbora e especiarias ricas em capsaicina pode ser uma forma prática e acessível de promover a saúde dos folículos capilares.
Para muitos, a queda de cabelo é uma questão emocional, estética e de saúde. Felizmente, existe cada vez mais conhecimento científico que nos ajuda a compreender as causas e a adoptar medidas eficazes e realistas para atrasar o processo ou reduzir o seu impacto.
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