Tratamentos naturais promissores para a doença de Alzheimer: o que diz a ciência?


Doença de Alzheimer 

o que diz a ciência?

A doença de Alzheimer é uma condição neurodegenerativa crónica e progressiva que afeta a memória, o pensamento e o comportamento, sendo uma das principais causas de demência em todo o mundo. Embora suas causas específicas não sejam totalmente compreendidas, acredita-se que resulta de uma interação complexa entre fatores genéticos, ambientais e estilos de vida ao longo de muitos anos. Abaixo, exploramos algumas possíveis causas e riscos associados ao desenvolvimento desta doença.

Fatores genéticos e predisposição familiar

A genética desempenha um papel importante, especialmente em casos familiares raros de Alzheimer de início precoce, geralmente relacionados com mutações em genes específicos como o APP, PSEN1 e PSEN2. No entanto, a forma mais comum da doença, o Alzheimer de início tardio, tem uma associação com variações genéticas como o gene APOE-ε4, embora não seja determinante.

Alimentação e estilo de vida

Uma dieta desequilibrada e rica em gorduras saturadas, açúcares, e alimentos processados ​​pode contribuir para a inflamação crónica e aumentar o risco de doenças neurodegenerativas. Por outro lado, uma alimentação rica em antioxidantes, como a dieta vegetariana, que inclui frutas, vegetais, azeite e nozes, tem benefícios na proteção da função cognitiva. O sedentarismo, o consumo excessivo de álcool e o tabagismo também são fatores de risco significativos.

Fatores ambientais e exposição a toxinas

A exposição prolongada a toxinas ambientais, como pesticidas, metais pesados ​​(chumbo, mercúrio) e poluição do ar, pode estar associada ao aumento do risco de Alzheimer. Estas substâncias podem contribuir para o acúmulo de stress oxidativo e inflamação no cérebro, fatores implicados na progressão da doença.

Problemas cardiovasculares e metabólicos

Doenças como hipertensão, diabetes tipo 2, obesidade e níveis elevados de colesterol estão correlacionadas com um risco mais elevado de desenvolvimento de Alzheimer. Essas condições afetam o fluxo sanguíneo cerebral e podem contribuir para a formação de placas de beta-amiloide e neurofibrilares emaranhados – duas características fundamentais da doença.

Saúde mental e cognitiva

O stress crónico, a depressão não tratada e a falta de estímulo cognitivo podem acelerar o declínio mental. A manutenção de uma vida social ativa e a prática regular de atividades cognitivamente desafiadoras são estratégias associadas a um menor risco de declínio cognitivo.

Distúrbios do sono

Problemas crónicos do sono, como insónia ou apneia do sono, podem prejudicar a capacidade do cérebro de eliminar proteínas tóxicas durante a noite, aumentando o risco de formação de placas de beta-amiloide.

Idade e género

A idade avançada é o fator de risco mais significativo, uma vez que a probabilidade de desenvolver Alzheimer aumenta significativamente após os 65 anos. As mulheres parecem estar em maior risco do que os homens, possivelmente devido a fatores hormonais e uma maior longevidade média.

Embora ainda não exista uma cura para o Alzheimer, compreender os fatores de risco pode ajudar na prevenção e no desenvolvimento de estratégias para retardar o aparecimento da doença. Uma combinação de hábitos saudáveis, incluindo uma alimentação equilibrada, atividade física regular e uma gestão adequada das condições de saúde pré-existentes, pode oferecer proteção significativa contra esta condição devastadora.

Tratamentos naturais promissores para a doença de Alzheimer: o que diz a ciência?


A doença de Alzheimer, caracterizada pela perda progressiva de memória e funções cognitivas, é uma condição complexa e desafiadora. Embora os tratamentos convencionais sejam amplamente utilizados, cada vez mais estudos têm explorado o potencial de intervenções naturais no seu controlo. Este artigo reúne algumas abordagens naturais promissoras, com base em evidências científicas, que podem complementar as estratégias existentes de prevenção e tratamento.

Dieta vegetariana: um padrão alimentar neuroprotetor

A dieta vegetariana, rica em frutas, vegetais, frutos secos, azeite, sementes, tem sido amplamente reconhecida pelo seu impacto positivo na saúde cerebral. Estudos demonstraram que esta dieta pode reduzir o risco de desenvolver Alzheimer em até 40%.

Porque funciona?
Este padrão alimentar é rico em antioxidantes e compostos anti-inflamatórios, que ajudam a combater o stress oxidativo e a inflamação crónica, dois fatores associados à progressão da doença.

Evidência científica:
Um estudo publicado na Journal of Alzheimer's Disease (2018) confirmou que a adesão à dieta vegetariana está associada a uma menor atrofia cerebral em regiões afetadas pela doença.

Curcumina: o potencial da cúrcuma

A curcumina, um composto bioativo presente na cúrcuma, tem demonstrado propriedades neuroprotetoras significativas. Estudos indicam que pode ajudar a reduzir a acumulação de placas beta-amiloides, uma das características da doença de Alzheimer.

Como usar?
Incorporar a cúrcuma na dieta diária, combinada com pimenta-preta, pode melhorar a sua absorção no organismo. Caso não se identifique com o sabor da cúrcuma, pode optar por suplementos.

Evidência científica:
Um ensaio clínico publicado em Frontiers in Aging Neuroscience (2020) concluiu que a curcumina melhora a memória e a atenção em indivíduos mais velhos com declínio cognitivo leve.

Frutos vermelhos: arma contra o declínio cognitivo

Os frutos vermelhos, como mirtilos, morangos e framboesas, amoras e arandos, são ricos em antocianinas e outros compostos fenólicos que promovem a saúde do cérebro.

Benefícios:
A sua elevada capacidade antioxidante protege os neurónios dos danos causados por radicais livres. Além disso, melhoram a comunicação entre as células nervosas.

Evidência científica:
Uma investigação publicada na Annals of Neurology (2012) revelou que o consumo regular de frutos vermelhos está associado a um atraso de até 2,5 anos no declínio cognitivo em idosos.

Atividade física regular

A relação entre a saúde física e a cognitiva merece destaque. Caminhadas, exercícios aeróbicos e atividades ao ar livre estimulam a produção de fatores neurotróficos, promovendo a plasticidade cerebral.

Evidência científica:
Segundo um estudo na Neurology (2019), a prática regular de atividade física reduz o risco de Alzheimer em cerca de 30%, ao melhorar a circulação sanguínea cerebral.

Suplementação com ácidos gordos ómega-3

Os ácidos gordos ómega-3, particularmente o DHA, são componentes fundamentais para a saúde cerebral. Estes compostos ajudam a preservar a integridade das membranas celulares e a reduzir a inflamação.

Fontes naturais:
Peixes gordos (como salmão, sardinha e cavala), sementes de linhaça e nozes. Prefira as fontes vegetais ao invés das animais.

Evidência científica:
Um estudo de 2021, publicado em Nutrients, destacou que a suplementação com ómega-3 pode melhorar a função cognitiva em pacientes nas fases iniciais de Alzheimer.

Sono de qualidade e gestão do stress

O sono desempenha um papel crítico na saúde cognitiva. Durante o sono, o cérebro elimina toxinas, incluindo as proteínas beta-amiloides e repara os danos existentes. Estratégias naturais para melhorar o sono: infusões de ervas calmantes (ex.: camomila e valeriana) e exposição à luz solar durante o dia para regular o ritmo circadiano.

Evidência científica:
Um estudo publicado na Science (2013) demonstrou que o sono de má qualidade está associado a níveis elevados de proteínas beta-amiloides.

Gestão de stress e Alzheimer: o papel do bem-estar emocional

O stress crónico está diretamente associado ao declínio cognitivo e ao aumento do risco de Alzheimer. O cortisol, a principal hormona do stress, pode promover inflamação cerebral e contribuir para danos neuronais. Portanto, estratégias naturais para a gestão do stress são fundamentais na prevenção e controlo da doença. Temos como exemplo:

Caminhadas na natureza:
Estudos demonstram que passar tempo em ambientes naturais reduz os níveis de cortisol e melhora a função cognitiva.

Evidência científica: Um estudo publicado no Journal of Environmental Psychology (2018) mostrou que apenas 20 minutos diários em contacto com a natureza reduzem significativamente os marcadores de stress.

Práticas de respiração controlada:
Exercícios simples de respiração profunda promovem relaxamento e melhoram a oxigenação do cérebro.

Exemplo: Inspire profundamente durante 4 segundos, sustenha por 7 segundos e expire por 8 segundos. Repita por 5 minutos.

Infusões de plantas calmantes:
Plantas como camomila, valeriana, erva cidreira, tília e passiflora têm propriedades ansiolíticas naturais.

Sugestão de uso: Prepare uma infusão um pouco antes de dormir para promover relaxamento e melhorar a qualidade do sono.

Conexões sociais positivas:
Manter relações saudáveis reduz o impacto do stress crónico. O isolamento social é um fator de risco para o Alzheimer, enquanto o apoio emocional fortalece a resiliência cognitiva.

Dica: Dedique tempo semanal para interações com amigos e família. Opte por realizar um voluntariado.

Terapia musical:
A música relaxante pode reduzir os níveis de ansiedade e promover estados mentais positivos.

Evidência científica: Um estudo de 2020 na BMC Neurology indicou que ouvir música clássica melhora a memória e reduz os níveis de cortisol em pacientes com Alzheimer.

Conclusão

Embora os tratamentos naturais para o Alzheimer não substituam as intervenções médicas, podem ser aliados importantes na prevenção e controlo da doença. A adesão a um estilo de vida saudável, baseado em evidências, pode atrasar o declínio cognitivo e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.



Referências
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