As células estaminais do cancro são resistentes à quimioterapia, mas os sulforafanos presente nos brócolos poderá ser eficaz a inibi-las.
E se no centro de um tumor existir um núcleo duro de células capazes de resistir a todos os tratamentos existentes, que dão origem a todas as células malignas, suportam o crescimento dos tumores e criam metástases? Estas células-semente são as chamadas células estaminais de cancro, e as evidências recentes sugerem que podem estar presentes em vários tipos de cancro. Se assim for, as terapias convencionais pouco poderão fazer para evitar que os tumores, mesmo que reduzidos a quase nada, possam ressurgir, alimentados por estas células quimio-resistentes.
Tal como as células estaminais, as células estaminais de
cancro são células não-especializadas que se podem dividir e renovar por longos
períodos de tempo e que dão origem a células especializadas. As pesquisas mais
recentes têm confirmado a resistência destas células aos tratamentos com quimio
e radioterapia.
A teoria das células estaminais de cancro foi reforçada
quando em 1994 John Dick demonstrou que a Leucemia Mielóide Aguda obedece a uma
organização hierárquica que tem origem numa célula hematopoiética primitiva.
Esta descoberta popularizou um conceito já antigo: o de que o crescimento do
cancro poderá estar dependente de uma pequena fração de células progenitoras.
Estas células de cancro com propriedades de auto-renovação e pluripotência são
geralmente chamadas de células estaminais de cancro.
Células estaminais de cancro mantêm e suportam o tumor. Terapias convencionais não conseguem eliminar estas células.
Existem evidências cada vez mais claras de que as células
estaminais de cancro são cruciais para a formação de tumores. Não só podem
renovar-se, como gerar todos os outros tipos de células observadas num tumor.
Dessa forma, deverá ser possível tratar o cancro caso sejam eliminadas todas as
células estaminais de um tumor, em vez de se atacar todas as células desse
tumor, como acontece até agora.
Já se mostrou que estas células são capazes de iniciar a leucemia. Têm também surgido evidências que suportam a teoria de que estas células estaminais estejam presentes e promovam o crescimento de outros cancros, tais como: cérebro, mama, cólon, cabeça e pescoço, pulmão, fígado, melanoma, pâncreas e próstata, entre outros.
O conceito de células de cancro estaminais tem profundas
implicações pbara o tratamento e prevenção do cancro. A falta de eficácia das
quimioterapias no tratamento de cancros em fase avançada e metastizados requer
novas abordagens que consigam alcançar e destruir especificamente a população
de células estaminais de cancro.
Enquanto não surgem tratamentos que consigam eficazmente
eliminar estas células, vários estudos têm mostrado propriedades
quimiopreventivas muito promissoras contra as células estaminais de cancro em
componentes naturalmente presentes em vários alimentos. Já são conhecidas
várias propriedades quimiopreventivas do sulforafano, fitoquímico presente em
crucíferas como os brócolos, às quais acrescenta-se a capacidade de eliminar
essas células.
Um estudo recente testou as propriedades do sulforafano,
fitoquímico presente nos brócolos ou nos germinados dos brócolos, tanto em
culturas de células como em modelo animal. Os autores do estudo observaram como
o sulforafano foi capaz de destruir as células estaminais de cancro evitando
assim que novos tumores crescessem.
De acordo com o autor Duxin Sun, "o sulforafano tem
sido estudado pelos seus efeitos no cancro, mas este estudo mostra que os seus
benefícios passam por inibir as células estaminais de cancro da mama. Esta descoberta
sugere o potencial do sulforafano ou do extrato de brócolos em prevenir ou
tratar o cancro atingindo seletivamente as células de cancro estaminais".
No estudo, os investigadores injetaram várias concentrações
de sulforafano a partir de extrato de brócolos em ratos com cancro da mama.
Após observação, verificou-se que a população de células estaminais de cancro
diminuiu de forma muito significativa com o tratamento com sulforafano, sem
consequências para as células normais. Além disso, as células de cancro dos
ratos tratados com sulforafano foram incapazes de gerar novos tumores. Em
laboratório com culturas de células os resultados foram iguais.
Ainda outro estudo desenvolvido na Universidade de
Heidelberg mostrou que o sulforafano não só é capaz de inibir as células
estaminais de cancro no pâncreas e na próstata como potencia a ação citotóxica
de certos agentes quimioterapêuticos, aumentando significativamente a eficácia
destes tratamentos. De acordo com os investigadores a combinação destes dois compostos
poderia aumentar a eficácia e reduzir a dose de fármacos necessários para o
tratamentos destes cancros.
Crucíferas
A equipa de investigadores desta Universidade foi a primeira
a demonstrar que o sulforafano ataca as células estaminais de cancro do
pâncreas e portanto sensibiliza-as para a quimioterapia. De acordo com os
autores, uma dieta rica em vegetais ricos em sulforafano pode ajudar na
inibição das células estaminais do cancro.
Brócolos Germinados
As crucíferas pertencem a uma família de vegetais com
características únicas, responsáveis pelas suas conhecidas propriedades
quimiopreventivas. Estes vegetais são assim chamados pelo facto de a flor de
cada um deles ter pétalas espaçadas simetricamente em forma de cruz. Aquilo que
os distingue dos outros vegetais passa por serem uma fonte privilegiada de uma
classe específica de fitoquímicos, os glucosinolatos. Quando as paredes das
suas células se partem, ao serem esmagados ou cortados, dá-se uma reação
química através da exposição à enzima mirosinase que transforma estes compostos
em isotiocianatos (ITC), moléculas com uma ação anticancerígena poderosa e
comprovada. Mais de 120 isotiocianatos foram identificados, todos com
mecanismos de ação e benefícios distintos.
Quando um glucosinolato reage com a mirosinase, presente num
compartimento diferente da célula vegetal, dá-se a formação de vários
isotiocianatos e indóis específicos consoante o glucosinolato. Quando cortamos,
esmagamos ou mastigamos, por exemplo, brócolos, a célula vegetal quebra-se fazendo
com que o glucosinolato (glucorafanina) entre em contacto com a mirosinase que
o transforma em sulforafano. Isso quer dizer que para se obterem as suas
propriedades, estes vegetais deverão ser consumidos idealmente crus. Uma forma
eficaz de obtermos os seus benefícios é consumir os germinados de brócolos, com
uma concentração muito superior de glucosinolatos e mirosinase. O sulforafano
apresenta várias propriedades importantes na proteção contra o cancro, tais
como:
· Indução das
enzimas de fase II;
· Indução da
apoptose;
· Interrupção
do ciclo celular;
· Inibição da
angiogénese;
· Propriedades
anti-inflamatórias.
· Propriedades
epigenéticas.
Embora não existam ainda recomendações específicas para o
consumo de vegetais crucíferos, de acordo com as evidências disponíveis,
estima-se que sejam necessárias 5 porções por semana destes vegetais de forma a
se obterem os seus benefícios quimiopreventivos. Exemplos de vegetais ricos em
glucorafanina, glucosinolato precursor do sulforafano:
Outras substâncias presentes em certos alimentos têm
igualmente mostrado ter a capacidade de interferir com as células estaminais de
cancro, tais como: curcumina (açafrão-das-Índias) e quercetina (maçãs e
cebolas).
Quer isto dizer que para remoção completa só mesmo a cirurgia?
ResponderEliminarLamentavelmente nem a cirurgia....
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